Minha empresa, o Serpro, está espalhada pelo país e tem mais de 3.000 desenvolvedores em 10 capitais. São várias mentes criando soluções estratégicas para o governo, principalmente os Ministério da Fazenda e do Planejamento, Orçamento e Gestão. Quase 45 anos de existência hoje culminam numa diversidade enorme de plataformas tecnológicas convivendo e interoperando.
A comunicação numa organização desse porte não é nada fácil. A colaboração interna, razão da existência destes blog, idem. Resultado: Muita gente, muito trabalho e, como é de se esperar, muito retrabalho. Iniciativas estão constantemente em andamento para melhorar o cenário: mudanças na estrutura organizacional (como toda empresa de governo, sujeita às "oscilações políticas, isso inevitavelmente ocorre a cada mudança de diretoria), "reciclagem" no corpo gerencial, redirecionamento estratégico, remodelagem de processos, etc, etc, etc. Enfim, tem muita coisa boa acontecendo, o que tem me deixado bastante satisfeito. No que está na minha alçada, tenho feito minha parte e acredito que os avanços são significativos. As "barreiras internas" estão diminuindo, mas ainda há muito caminho pela frente. Talvez em um post futuro eu entre em detalhes sobre isso.
Desde 2004 foi retomada, na minha opinião, uma idéia simples e genial: O ConSerpro – Congresso Serpro de Tecnologia e Gestão Aplicadas a Serviços Públicos. Com o foco central "Conhecimento e inovação: a liberdade de criar e compartilhar”, o congresso é uma espécie de concurso interno de trabalhos, divididos em áreas temáticas, submetidos por funcionários da empresa. Um corpo de jurados (3 para cada tema, sendo sempre 2 "da casa" e um "de fora") seleciona os melhores trabalhos para serem apresentados, com direito a premiação em dinheiro. Os "congressistas" se reúnem em uma das regionais da empresa e durante 4 dias tem a oportunidade de apresentar suas idéias/propostas/projetos/experiências para o corpo diretor, gerencial e funcional, num evento transmitido para toda a empresa via vídeo-conferência. É uma ocasião festiva, de troca de experiências e muito networking.
Consequencias: Os autores ganham visibilidade, a carreira é alavancada, boas idéias podem virar projetos oficiais. O conhecimento é registrado e disseminado, vira patrimônio da organização. Tenho o privilégio de ter trabalhos aprovados em todas as edições, tendo sido o apresentador em 3 das 4 edições já ocorridas. Sou testemunha das melhorias que vem ocorrendo a cada ano, mas ainda tenho a percepção que os trabalhos (não só os aprovados, mas todos os inscritos) poderiam ser bem melhor aproveitados, se houvesse patrocínio da alta direção. Muitas idéias tem ficado apenas no papel, principalmente quando seus autores não são persistentes. Isso é meio frustrante, mas não invalida de forma alguma a utilidade do evento.
Pois bem, a notícia é que resolvi compilar e reeditar as idéias deste blog e tive a felicidade de ter mais um trabalho aprovado, sob o título Bazedral: Explorando a Cultura Colaborativa das Comunidades de Software Livre (baixe o PDF / veja a Apresentação). Espero de alguma forma aguçar a curiosidade dos colegas e, principalmente, sensibilizar o corpo gerencial para a necessidade de mudança cultural, que deve começar por eles próprios.