Por mais que nos últimos anos tenha crescido significativamente não só o uso, mas também as discussões em torno do software livre, o fato é que muitas empresas continuam desenvolvendo software de maneira tradicional (Catedral). Organizadas (nem sempre :-D) de forma hierárquica, ainda existe o chefe que dá as diretrizes. A interação entre os times precisa passar por um caminho formal entre seus líderes, às vezes necessitando subir e descer alguns níveis na hierarquia, o que geralmente burocratiza o processo e diminui a eficiência da comunicação.
A departamentalizacao das empresas tende a criar especializações em diversas categorias. Sobretudo nas maiores, com tantas unidades funcionais, regiões, lideres e culturas envolvidas, certamente há muito trabalho duplicado. Para diminuir retrabalho muito se encontra na literatura. Qualquer que seja o nome - Gestão do Conhecimento, Base de Componentes, Ativos Organizacionais, Lições Aprendidas, Desenvolvimento Colaborativo – o principal objetivo comum é aprender com as experiências do passado, independente se foram vividas por si ou por outros.
Retomando o tema central desse blog - como desenvolver colaborativamente dentro das empresas, fica a pergunta no ar: Por onde eu começo? Na área de TIC, onde estou inserido, existe um impulso quase incontrolável de buscarmos solução nas ferramentas. Isso pode ser um grave erro! Mesmo se as melhores ferramentas estiverem disponíveis, ainda assim a colaboração interna pode não estar ocorrendo. E por que?
Para tentar responder essa pergunta vou recorrer ao autor do livro A Meta, Eliyahu Goldratt, que explica a Teoria das Restrições de uma maneira muito didática e fácil de entender: "a capacidade da fábrica é igual à capacidade de seus gargalos. O que quer dizer que os gargalos produzam em uma hora, é o equivalente ao que a fábrica produz em uma hora. Por isso... uma hora perdida em um gargalo é uma hora perdida no sistema inteiro.". Precisamos, então, encontrar nosso gargalo (qual o principal motivo para a falta de colaboração na minha empresa?), para que possamos definir e executar um plano para explorá-lo, até que ele não seja mais um gargalo (mas aí surgirá outro, então tudo se repete!).
Na minha opinião, na maioria dos casos o gargalo está na Gestão, na mais ampla concepção do termo: Passa pela estrutura organizacional, capacitação gerencial, estilos de liderança, sistemáticas de avaliação funcional, dentre tantas outras coisas.
Se nosso gargalo é a gestão, o primeiro passo para a colaboração Bazedral é os gestores compreenderem a dinâmica encontrada nas comunidades de software livre. É sobre isso que tentaremos tratar nos próximos posts.
2 comentários:
Outros gargalos (ou talvez sejam parte do mesmo sistema de frenagem do desenvolvimento das empresas) são, em minha opinião:
1 - O entendimento dos Gestores de que a empresa É uma comunidade e que dentro dela existem diversas comunidades. Portanto, incentivar o desenvolvimento das comunidades é incentivar a evolução da entidade em que estão inseridas (a empresa).
2 - A "revelação" de que os especialistas não são os gestores (a não ser em gestão... ou pelo menos deveriam ser), mas aqueles que executam as tarefas no dia-a-dia. Promover sua autonomia, ceder parte do poder decisório, é então o caminho mais acertado para o sucesso. Jan Carlzon tem um livreo fantástico sobre isso - A Hora da Verdade.
Concordamos que o gargalo está na gestão. No seu exemplo, mais especificamente nos gestores, que precisam compreender seu papel nesse novo modelo de "empresa-comunidade". Sò isso já dá uma boa discussão! Obrigado pela contribuição!
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