segunda-feira, 11 de março de 2013

Tendências na Inovação em um Futuro de Conexões - 2o Dia

O segundo dia de evento também começou com um workshop. Carlos Eduardo Pereira (UFRGS) fez uma análise geral da inovação com foco na relação Empresa - Universidade, deixando claro o "gap" que existe no Brasil entre as demandas tecnológicas das empresas e os resultados das pesquisas acadêmicas. O modelo mental dominante é que para os empresários, muitos acadêmicos são os "malucos, desconectados da realidade". Para os acadêmicos, as "demandas das empresas são muito triviais, pouco desafiadoras". Carlos deu exemplos de outros modelos internacionais bem sucedidos, como na Coréia e Alemanha. A mensagem que ficou para mim foi que Universidades, Indústria, Institutos de Pesquisa, Governo, ..., todos tem muito trabalho a fazer. E devem evitar alguns equívocos: a) terceirização de P&D é possivel; b) Projetos com universidade são de baixo custo; c) Universidades devem focar em inovação; d) Patente é sinônimo de competência.

A parti daí começaram as palestras. Vou tentar ressaltar os assuntos que mais me chamaram atenção. Mario Fioretti, da Whirlpool, nos mostrou um pouco sobre a empresa privada que é lider em deposito de patentes no Brasil. A inovação para eles suporta um dos pilares do Planejamento Estratégico. Uma equipe de 5 pessoas faz parte do time de inovação, com o papel de fomentar a cultura e cuidar do processo, atuando como facilitadores nos projetos. O processo interno deles é conhecido com "Duplo Diamante" e envolve Foco, Descoberta, Desenvolvimento de Oportunidades, Checagem ("let's check!") e Execução. Gostei bastante da abordagem que foi responsável, por exemplo, pela criação de uma lavadora de roupas que tem apenas um único botão e é a mais rápida do mercado (eles focaram em desenvolver uma bomba d'água mais veloz). Dona de marcas consagradas como Brastemp e Consul, inovar constantemente é fundamental para que eles permaneçam entre os tops deste negócio tão competitivo.

André Serpa, Regional Enterprise Sales Lead da Google Brazil nos mostrou que a forma que trabalhamos mudou radicalmente nos últimos 3 anos. A Google aposta na internet e na computação em nuvem, com várias soluções gratuitas ou de baixo custo, que servem de empresas individuais até as grandes. O Google Apps agrega vária dessas soluções. Ficou claro que a Google Brazil precisa investir em marketing para se tornarem mais conhecidos. Eu realmente acredito nessa tendencia que pode economizar muito esforço, tempo e custo, principalmente das pequenas e médias empresas. Assim, elas se preocupam menos com TI e podem investir mais em seu Core Business e como criar e manter uma cultura de inovação.

Antes do almoço, a Syngenta nos deixou bastante preocupados com cenário do alimento no mundo, mostrando o descompasso que existe entre produção e consumo. A inovação nessa área é  um grande desafio, pois envolve produzir mais alimentos em cada vez menos recursos naturais (no planeta vai faltar cada vez mais água!). Pesquisa e Desenvolvimento na área agro-pecuária custa caro e leva tempo. Preocupado, tomei suco e comi muita salada.

Durante a tarde tivemos a Embraco, empresa do grupo Whirpool especialista em compressores de alta eficiência  Eles ressaltaram a importância que desenvolver pessoas, além de ciencia e tecnologia, representam para a inovação. Destacaram a forte concorrência que vem da China. Se não dá para competir com eles pelos custos reduzidos de produção, não há outra alternativa além de inovar para continuar sendo o número 1.


A IBM esteve mais uma vez presente mostrando as tendencias na tecnologia para os próximos anos. Social, Big Data, Computação em Nuvem e Mobilidade são as 4 tendencias principais. A palestra foi bem abrangente, foi difícil fazer anotações. Interessante que eles destacaram um produto deles mesmos, o IBM Watson, o supercomputador que pretende encontrar resposta para qualquer pergunta usando inteligencia artificial. Me pareceu meio uma jogada de marketing, de jogar confete em si próprios. Os interessados nas tendencias para o futuro podem dar uma olhada nesta matéria da Humantech, O estudo completo pode ser encontrado nesse link.

A Suvinil é o único produto da BASF focado diretamente no consumidor. Eles tem vários programas interessantes, como o Premio Suvinil Inovação e o Innovation Day. Eles vem ganhando sucessivos premios de empresas inovadoras.  Envolvendo 1. Processo de Geração de Ideias; 2. Triagem de Ideias / Priorização; 3. Feirão de Ideias; 4. Testes com Consumidor; 5. Pipeline e Funil da Inovação. Fiquei curioso em conhecer melhor suas prática e processos, pois parecem muito bem estruturados.

A melhor apresentação do dia, na minha opinião, foi feita por Ivan Passos, o Itaú Unibanco. Usando princípios de Design Thinking ele mostrou como a divisão de inovaçaõ e educação financeira do banco vem se estruturando para lançar produtos novos sempre com o foco na experiencia dos seus usuários (UX). Vindo da área de software, tendo morado alguns anos no Vale do Silício, é clara a afinidade de Ivan com Desenvolvimento Ágil e Lean Startup. Eles tem feitos ciclos semestrais de palestras estilo TED Talks, no evento Insights. Também tem conversas quinzenais com convidados, sobre temas ligados a inovação. Tem também o Challenge, um processo de inovação que permite o desenvolvimento de projetos com equipes multifuncionais, inclusive com premios para seus autores/participantes. Passos destacou a fundamental importância do patrocínio da alta direção, cujo investimento em inovaçaõ já se pagou (a partir do 3o ano). Fique tão interessado que anotei pouco durante a palestra, mas se pudesse escolher uma das empresas deste primeiro dia para visitar, seria o Itau. O video abaixo é fruto de um dos projetos do Challenge e está diponível no canal Itaú Invista do YouTube. Uma forma muito inovadora de ensinar sobre o quanto devemos poupar para ter um futuro confortável.


Para terminar o dia, Daniela Grelin, Gerente de Comunicação Corporativa da DOW Brasil nos mostrou como inserir uma cultura inovadora e ressaltar o papel da liderança no processo. Numa empresa onde 30% das vendas são de produtos introduzidos nos últimos 5 anos, podemos ter uma ideia do quanto a inovação é fundamental. Me chamou atenção que, diferente das demais, na DOW não existe um departamento ou um grupo de pessoas que tratam apenas de inovação. Segundo ela, "a inovação é um esforço, não um departamento". Eles tem o innovation@dow Challenge e o Innovation Award, iniciativas que envolvem inclusive jurados externos, mas que partem de um desafio proposto (segundo eles, isso aumenta o engajamento das pessoas). Chegar no nível da DOW leva algum tempo, isso ficou bem claro. É melhor começar logo...

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