terça-feira, 12 de março de 2013

Tendências na Inovação em um Futuro de Conexões - 3o Dia

O terceiro dia começou com e empresa que se tornou uma espécie de "top of mind" quando se pensa em inovação. Marcelo Gandur apresentou como a 3M se organiza para criar e manter sua cultura inovadora. Conduta Ética, Excelencia Operacional e Inovação são os 3 pilares da empresa que continua se inspirando em um dos seus CEOs, William McKight. Ele trabalhou por 60 anos na 3M e é responsável pela cultura corporativa que encoraja os funcionários a terem iniciativa e coragem para inovar. É dele a frase "contrate os bons funcionários e deixe-os em paz". Na palestra, aprendi alguns novos termos que : Phase Gates, Pipeline, New Product Vitality Index, Inovação Incremental/Adjacente/Disruptiva. Gandur contou que de 300 ideias que entram, 2/3 se perdem, apenas 100 em média vão até o final. A 3M tem uma solução caseira, um sistema web que controla todos os pipelines de forma global. Para quem quer saber mais (como eu!), ele deixou as dicas do livro O Poder da Inovação - A Experiência da 3M e de Outras Empresas Inovadoras, de Luiz Serafim, Líder de Marketing Corporativo da 3M, e do portal 3M Inovação. Fui dar uma conferida neste último e me deparei com esse ótimo vídeo que mostra líderes do mundo digital incentivando a produção de código.


Luciano Possani, da Anhanguera, mostrou como a computação em nuvem vem contribuindo para aumentar a escalabilidade e a disponibilidade da sua plataforma de ensino superior. As nuvens da Google e da Amazon permitiram, por exemplo, que todos os professores e alunos tem suas contas de e-mail (aproximadamente 260 mil) e que todos os principais sistemas suportem os picos de acesso (que ocorrem, por exemplo, na época do vestibular. Também estão levando para nuvem tecnologias relacionadas a vídeo (contrataram a Sambatech, pois segundo eles a escolha aparentemente óbvia - o YouTube - carece de features mais rebuscadas) e ensino (eles usam o Moodle, e até brincam agora o chamando de "Moogle"). Fiquei impressionado com essa instituição, que ainda é pouco conhecida no Norte/Nordeste. Eles realmente sabem o que fazem e estão preparados para continuar expandindo.

Em seguida o Dr Kenneth Herd, Diretor Geral do Centro de Pesquisas Global da GE no Brasil. Morando no Brasil há 3 anos, ele foi muito simpático em ministrar sua palestra em português (usou uma pesca, para auxiliar. Perdoado.). Ele está à frente do 5o Centro de Pesquisas Global da GE no mundo, que está sendo construido no Rio de Janeiro, na Ilha do Fundão. Os outros quatro estão em operação nos Estados Unidos, Alemanha, China e Índi. O trabalho do novo centro será focado em tecnologias altamente avançadas para as indústrias de óleo e gás, energias renováveis, mineração, transporte ferroviário e aviação. Os investimentos estão estimados em R$500 milhões.

A melhor palestra do dia para mim foi apresentada por Nelson Faria, Diretor de Engenharia, Tecnologia e Inovação da Rede Globo. Ele apresentou o Case i9, iniciativa que acontece desde 2009 com o apoio de uma consultoria contratada. A Globo acha que a inovação deve ser incorporada aos processo da empresa, por isso em breve a consultoria não será mais necessária. O i9 possui um ciclo virtuoso composto de 9 i's: Ideação, Integração, Implantação, Indicador, Informação, Internalização, Inspeção, Impacto e Inspiração. É um movimento voluntário que promove o intercambio multidisciplinar, sempre promovendo inovações focadas em Qualidade ou Produtividade. A Expo i9 é uma exposição dos projeto mais inovadores, uma oportunidade da equipe do projeto apresentar sua ideia para toda a empresa, inclusive podendo levar seus familiares. Na Globo, quem dá a ideia tem que fazer parte da equipe projeto de execução. Seguindo a tendencia da inovação aberta (open innovation), a Globo lançou o O Seu Talento na Rede Globo, durante a Campus Party 2012, selecionando os 5 melhores projetos para serem apresentados na Expo i9. Inovação com criatividade, essa receita a Globo já descobriu como fazer. Quer saber mais? Olhe esse artigo em PDF que achei googleando sobre o i9: Novo Modelo de Gestão de Inovação em uma Empresa de Serviço de Entretenimento. Foi de lá que exraí a figura abaixo, que ilustra o modelo.

A palestra seguinte foi do prof. Mário Salerno, coordenador do Laboratório de Gestão da Inovação da USP. Junto com o doutorando Leonardo Gomes eles falaram sobre Gestão de Incertezas, uma abordagem interessante e diferente da Gestão de Riscos que estamos acostumados. Como apostar em projetos inovadores tem tudo a ver com incertezas, acho que é um assunto que tem tudo para ganhar espaço. A palestra foi extremente interessante, mas trouxe muita informação (os acadêmicos tem esse poder de nos encher delas rsrs). Esta apresentação de Leonardo sobre Inovação Radical em Empresas de Base Tecnológica dá um visão geral sobre seus principais interesses de pesquisa. A USP está levando o assunto a sério e está buscando preencher as lacunas existentes na literatura sobre inovação. A principal mensagem que tirei da palestra foi "nós podemos governar a mudança: criar e influenciar o futuro", ao invés de ficar apenas esperando que outros determinem qual será o nosso futuro.

Leandro Roca, Diretor de Inteligencia do Negócio da Telefônica Vivo, mostrou várias iniciativas na linha da Customer Driven Innovation, mais um termo novo para meu backlog. Além de vários produtos e apps interessantes, gostei aceleradora de startups Wayra, que possui edições em vários países da América Latina e Europa. A academia de São Paulo, segundo seu site, é um "espaço cujo objetivo é reunir os empreendedores participantes do Wayra Brasil em um local comum, onde o intercâmbio de experiências e a efervescência de ideias componham um ecossistema favorável à inovação. O ambiente, de 1.200 metros quadrados, conta com um layout concebido para incentivar a interação entre os empreendedores e é equipado com conexão ultrarrápida à internet, sala de jogos e até uma área de relaxamento para aqueles que varam noites para tornar seus projetos realidade". Interessante, hein?!


As palestras restantes foram do INPI e FINEP mostraram que o Brasil vive um cenário favorável à inovação, mas ainda tem muito caminho pela frente, principalmente no que diz respeito ao direito de propriedade intelectual e a redução da burocracia para conseguir financiamento público para projetos inovadores.  Lei de Licitação, Lei do Bem, Lei da Inovação, Plano Brasil Maior, Institutos de Fomento á Pesquisa, ..., o ecossistema é um emaranhado de instituições e leis. Desatar os nós e fomentar a inovação no país é um desafio em tanto e de tantos. O governo está sensível e antenado ao assunto. Vamos acompanhar, e fazer nossa parte.

Considerações Finais

Saí com a cabeça fervilhando, orgulhoso por ser brasileiro e ver o quanto as empresas presentes já avançaram na inovação, muitas com destaque internacional. Muitos termos novos e ótimos exemplos de empresas reconhecidamente inovadoras. Pipeline, Phase Gates, Open Innovation, Customer Driver Innovation, Design Thinking, e por aí vai. Comecei meus estudos pelo livro O DNA do Inovador (em breve escreverei aqui a resenha) e já tenho em mãos A Bíblia da Inovação, de Philip Kotler e Fernando Trías De Bes. Acho que adquirir os conhecimentos básicos para "falar a mesma língua desse povo" é fundamental. Importante destacar que tudo começa na estratégia, portanto não adianta sair correndo para implantar programas e processos de inovação na empresa sem saber exatamente onde se quer chegar. É definir o destino e começar a caminhada..

Por fim, quero deixar aqui o meu agradecimento ao Serpro pela oportunidade em participar de um evento tão rico em informações e em networking. A MarcusEvans está de parabéns pela organização, estava tudo impecável.

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá Serge,

Por favor vc poderia compartilhar as apresentações da reunião?